ATÉ UM DIA, PADRE HAROLDO COELHO
Texto de Aluísio Cavalcante Jr.
Hoje ao abrir o Jornal pela manhã, fiquei sem chão. Havia morrido
Padre Haroldo.
O conheci por volta dos anos 80. Militante do PT
(época onde
o PT era formado pelos mais expressivos
defensores de uma sociedade mais justa,
ética e solidária),
tinha uma fé inabalável na construção de uma
sociedade mais justa e humana.
Defensor da Teologia da Libertação, acreditava que somente a
Fé
que buscava a transformação social fazia sentido.
“O que é que adianta
mandar levantar a carteira de trabalho?
Adiantaria dizer:
‘Vamos rezar e viver
muito bem, mas vamos nos organizar,
até mesmo porque
emprego não cai do céu’”.
Lembro quando narrava suas histórias ao lado das lutas
sociais.
Quando falava das fotos tiradas ao lado dos
combatentes na
Nicarágua.
Quando cobrava do jovem o seu envolvimento político e
social,
em defesa dos menos favorecidos.
Candidato a governador do Ceará, enfrentado na época
o
Coronel Adauto Bezerra e o empresário Tasso Jereissati,
realizou uma campanha
simples e fundamentada
no respeito a vida.
“Padre Haroldo,
Padre Haroldo,
É o governador do
povo...”
(TEMA DE CAMPANHA)
Depois de muitos anos o
reencontro em um restaurante.
Abraço-o. Falo da minha emoção em revê-lo.
Escuto seus projetos.
Emociono-me com a mesma fidelidade
inabalável as suas convicções em defesa da Vida.
Estava neste dia com minha
família, e me alegro
que meu filho o tenha conhecido. Que tenha ouvido-o
falar de
justiça e também escutado de mim,
as histórias sobre o Padre que foi o exemplo
de Homem e da Fé
que sempre defendeu.
“Sempre fui sensível
às injustiças.
Fui muito perseguido.
Digo isso não com
tristeza..."
Adeus, querido Padre Haroldo.
Hoje o Professor que há em mim,
seria ainda mais
imperfeito se não fossem as tuas lições,
as tuas cobranças
por ética e a tua voz denunciando as
injustiças.
Obrigado, querido Mestre, e a
depender de ti,
sei que não estarás nos Céus, mas na Terra,
ao lado dos que lutam
pelo justo, pelo social e pela Vida.